Comecei minhas primeiras aulas de derbak (não sei se escreve assim). Descobri inicialmente que derbak é o nome capitalista (que só os americanos e o cara que me apresentou pro instrumento usam) para diversos tipos de derbunkas (esse escreve assim mesmo), que são intrumentos de percussão árabes. Tipo um tambor de colo. Ele possui quatro timbres, ou toques básicos (achei meio estranho ele chamar os batuques diferentes de timbres, mas até que faz sentido):
1) um tapa no meio do tabor, bem grave, chamado de "dum";
2) uma batida na borda com a mesma mão que se bate no centro do tambor porém utilizando o dedo anular ao invés da mão cheia, chamado de "ta", mais agudo e com som metálico,
3) uma batida na borda com a mão que segura o intrumento (que é tocado deitado no colo em cima de uma das pernas) utilizando o dedo anular, chamada de "ca";
4) uma batida seca, com a mão de lado e em forma de concha, chamado de slap (americanos malditos! Tenho certeza que existia um nome árabe impronunciável prá esse toque que foi mudado pelos ocidentais).
Bom, aí veio a humildade. Descobri como é foda começar com um instrumento do zero. Muito foda chegar no final da aula doido pra sair de lá tocando a beça e receber como para-casa um "pratique mais os três timbres básicos. Tente ouvi-los mais. Tente se ouvir mais". E descobri que minha mão direita é morta. Eu só consiguo tirar o som do "ca" quando eu bato com meu osso, o que pode me dar lesões gravíssimas, segundo meu professor (o pior é que ele falou gravíssimas mesmo, com uma ênfase na palavra).
Falando nele, aprendi também que não se deve nunca julgar pessoas pelo telefone. Pela voz do camarada, eu pensava de verdade que ela era tipo cérebro derretido. Fala mansa, quase bovina (by Campelo et al, 2003). Imaginei um drogado completo. Chegando lá, vejo um aluno do ICEX típico: magricela, uma pele que não toma sol a muito tempo, óculos, cabelo meio lambido partido de lado... Quase pedi prá ver o irmão drogado do cara com quem eu tinha conversado. Aí o cara tocou. Samba. Bossa. Baião. Jazz. Improviso. E *muita* música árabe. Putz. Eu quero aprender logo esse troço.
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