12/30/2003


No dia do Natal eu conheci a verdadeira fúria de uma pessoa com larica. Tipo que larica é aquela sensação única de não saber se vc está com fome ou não. Na dúvida você confere.

Eu e a minha irmã fomos passar o natal na casa do meu avô. Conversa vai, conversa vem, fomos levar uma tia minha em casa. Na volta eu falei brincando (porque eu nunca imaginei que ela fosse topar):

- E aí, Tetê, vamos quebrar um?

- Ahhhh... Vamos... (quem conhece minha irmã consegue imaginar exatamente como ela pronunciou a frase)

A partir daí foi assim: dirigi no escuro, em estrada de terra, doido, fumando um cigarro de palha desgraçado de ruim que me deu ânsia de vômito (acho que chamava "caubói").

Parte mais divertida da história:

Chegando na casa do meu Vô, fomos direto prá cozinha. Dei a sorte de achar um armário com uma torta de frango muito fina, e começei a comer e a falar uma bobagem qualquer com a minha irmã.

Daí veio o olhar fixo dela. Dava prá ver que, na consciência dela, nada mais existia a não ser aquele pedaço de torta. Temi pelo pior e tentei esconder o meu pedaço (e minha mão). Minha irmã percebe a minha estratégia com o que resta de racionalidade no seu cérebro enfumaçado e começa a procurar um pedaço prá ela. Abre uma panela de arroz que estava em cima da mesa e começa a comer com a mão (não tenho nada contra comer com a mão mas, se vocês conhecessem a minha irmã, veriam nisso uma atitude irreconhecivel). Não satisfeita, abre a geladeira e começa a comer uma farofa gelada (jogando por cima do arroz que estava na mão). Insaciável, vai para o fogão e começa a comer mais arroz de uma segunda panela. Tive a impressão que ela começou a beber café também. Durante esse intervalo, eu tentava explicar em vão onde estava a torta prá ela, sendo inteira e solenemente ignorado, talvez por medo de eu distraí-la e comer tudo escondido.

Aí eu tive a idéia: comecei a me mover na direção da torta displicentemente, tipo o pernalonga quando quer enganar alguém, sabe? Minha irmã me seguiu com os olhos famintos até o armário, de onde minha mão entrou vazia e saiu cheia. Tomei um safanão na passagem dela, e fui para o banheiro com a sensação de dever cumprido.




Me and my sister, Pedro Leopoldo, Christmas 2003


Obs.:

Happy new year!

12/23/2003

Vegetarianismo sucks!!!

Você acredita que o vegetarianismo pode fazer alguém feliz? De verdade? Dá uma olhada nisso e me fala o que vc pensa agora (sem contar que o camarada é a cara do Fez, do That 70´s show)...









Vê se não parece...


Clássicos

Clássicos dos anos 80 que eu revi recentemente:

Inimigo meu - Cláááásssssico!!! Quem não se lembra dos Dracs ou do Senhor Mickey mouse?



O último guerreiro das estrelas - Sonho de todo molequinho da minha idade: ser um viciado em videogame e ser escolhido para viajar por todo universo matando tudo quer encontrasse.

"Saudaçõs, Guerreiro Estelar! Você foi recrutado pela Liga Estelar para defender a Fronteira contra XUR e a Armada Ko-Dan!"


12/16/2003

Saca só que bem bolado

Quem adivinha como isso funciona?

Clica aqui.

12/14/2003

Urgente!

Norte-americanos filhos da puta! Não respeitam nem o Papai Noel!







Saca só a cara desamparada do velhinho







Agora eles se fazem de bonzinhos e examinam o coitado...



Taí, Túlio...

Boas festas

Aqui vai o meu voto de boas festas para vcs!!!




Thanx Gabriel

12/11/2003



Moçada do PS2: confiram...



Cults são nerds de Humanas...

(assunto a ser desenvolvido quando eu tiver mais tempo)

12/10/2003

Putz... Fim de semana em Sampa ouvindo gaitistas de todo Brasil falando sobre o timbre do fulaninho ou sobre a xb-40. 100% do tempo. Thanx Osmar por me fazer rir quando não estava falando de gaita. Essa foi uma das poucas vezes que eu me senti MUITO ignorante sobre um assunto. Tipo que minha resposta sobre qualquer assunto de gaita era sempre binária. Thanx Ma, pela paciência de me explicar um tanto de coisas quando eu viajava muito.

Acho que gaita vai ser prá mim alguma coisa do tipo "me ame ou me deixe", e acho que caminha prá eu gostar. Só que eu ainda não processei a viagem prá conseguir decidir (na verdade eu tenho uns 3 ou 4 riffs alternando na minha cabeça que não me deixam pensar muito sobre o assunto).

A parte que eu já posso dizer que gostei foi o MASP e o Gaudí. Muito boa a exposição.



Casa Mila (La Pedrera)

12/03/2003

Mais uma rapidinha:

Para os meus amigos nerds: Está sozinho? Desesperado por alguém? Quer trazer a pessoa amada em tres dias? Eu tenho a solucao!!!

Instala esse programa para exibição de mensagens subliminares no computador dela!


Clica aqui.

12/02/2003

Japas

Comida japonesa é bom, mas saca só o que andam inventando por aí...

Clica aqui pra ver toda a tecnologia japonesa em ação.

Obs: Felipe, espero que essa não seja a sua única diversão lá...

11/25/2003

Ontem, no Blog do Kenji, ele falou sobre a possibilidade de ser pai. Acho que o assunto me impressionou.

Eu raramente lembro dos meus sonhos. mas esse foi doido. Eu sonhei que eu estava em uma sala branca com meu pai, meu tio, o Kenji e o... Dadá Maravilha. (Se vc está rindo agora, devo lembrar que, como as piadas, o melhor desse sonho é o início (quem disse isso foi a Regina Casé)).

Eu estava recebendo conselhos deles sobre a paternidade. Todos me dando conselhos super legais e o Dadá soltando as suas pérolas de futebol adaptadas para a paternidade (infelizmente so me lembro de uma):

- "Se o menino perguntar demais, fala que eu tenho a solucionática";

Depois veio a parte na qual eu vi o Dadá vestido igualzinho à uma vidente (entenda-se: um turbantão, um sári roxo, um charuto e uma bola de cristal) me dando outros conselhos e falando como se um santo tivesse baixado nele.

Aí eu finalmente acordei dessa bizarrice toda.

Quem se arrisca a interpretar esse sonho?


11/20/2003

Primeiro programa

Carai!!! Fiz o meu primeiro programa que funciona!!! (Thanx Kenji ;-) )


$file = $ARGV[0];
$search = $ARGV[1];

open(IN,$file);

while($line = IN){

if($line =~ "$ARGV[1]"){
print $line;
}

}

close(IN);


Quem adivinha o que ele faz?

11/18/2003

Adivinha...



Nem o carro de polícia que estacionou em fila dupla e me fez esperar 40 minutos tira meu bom humor hoje...

11/17/2003



Eu sou desorganizado e muito esquecido. Obviamente não me lembro como tudo começou, mas tenho alguns flashes divertidos que comprovam as duas coisas:

1) Uma vez minha mãe me deu uma abacate prá comer. Eu esqueci a casca dele dentro do armário umas 3 semanas. Mofou mas foi doido.

2) A mesma coisa com as maçãs e laranjas que eu levava prá escola. Esquecia dentro da mochila até estragar.

3) Há uns 6 meses, eu perdi um CD que eu jurava que tinha caído atrás do meu armário (explicação: meu armário tem uma tábua solta, com uma fresta de uns 3 x 40 x 60 cm). Liguei uma lanterna e fui olhar lá atrás. O CD não estava lá, mas tinha uma colher, uma capinha de CD vazia, umas 3 fotos, umas 4 canetas, um cortador de unhas e um maço de cigarros. O pior foi tirar as coisas de lá... (Lembra disso, Gabriel?)

4) Aprendi a arrombar a porta de um fusca com um barbante depois que eu esqueci a chave dentro dele umas 3 vezes (como o processo de arrombar uma carro é demorado e potencialmente perigoso para mim, atualmente eu tenho uma chave reserva no meu molho de chaves de casa, que eu ainda não esqueci dentro do carro).


De uns tempos prá cá, prometi prá várias pessoas que eu ia tentar ser mais organizado. Comecei comprando uma agenda. Só serviu prá me deixar mais estressado e triste.

Explicação: Antes eu não lembrava do que não dava tempo de fazer, e ficava por isso mesmo. A única coisa que mudou na minha vida foi que agora eu lembro do tanto de coisas que eu tenho prá fazer no dia mas que continuam não dando tempo.


11/13/2003


Bizarro demais...

Clica aqui prá ver o que body modification pode fazer com vc...

11/11/2003


Voltei.

Nesse fim de samana eu vi o filme "Gotas D´Água em Pedras Escaldantes" (Gouttes D’Eau Sur Pierres Brulantes). Francês. Do mesmo diretor de "Oito Mulheres" (8femmes). Ambos com partes musicais durante o filme. Ambos uma merda total. Tava conversando com a Ma, e nós não entendemos como musicais podem fazer sucesso hoje. O único bom que eu vi foi o "Dançando no Escuro" e, ainda assim, talvez ficasse melhor sem a música. Putz, acho que vou desistir de ver filmes não-hollywodianos...


Merda total...



Mas esse consegue ser pior...


11/06/2003

Stress



Resolvi escrever antes que o Blog morra de abandono. E eu de stress.

Acho que hoje eu cheguei no nível máximo. Stressicamente falando. Estou na UFMG, são umas 11 da noite, e eu não tenho hora prá ir embora. Meu café tá frio e eu não tenho cigarro (aliás, acho que eu vou parar de fumar definitivamente; não tenho tempo ;D ).

Acordei cedaço prá dar aula prá uns alunos da medicina. Descobri que a aula era de tarde. Fui prá Vetta, trabalhei o que deu, e voltei prá Federal. Brinquei de rally na volta (choveu prá caralho e os morrões do bairro Padre Eustáquio estavam foda de subir. Ainda mais em um Palio 1.0. Foi até doido cansar o braço jogando o volante de um lado pro outro prá fazer o carro subir. Mas chegou lá. Me lembrou da última vez que eu dirigi em estrada de terra. Tem um tempão...). Cheguei na Federal, almocei correndo e fui dar aula. Os calouros não calavam a boca. Na sala, tinha umas 3 pessoas com uma blusa mais ou menos assim:

Medicina Juiz de Fora - 2000 reais por mês
Medicina (não me lembro qual era essa faculdade) - 2500 reais por mês
Ciências Médicas - 1500 reais por mês

Federal - de graça


Tem coisas que o dinheiro paga.


Tem coisas que só seu cérebro faz por você.


Eu tive MUITA vontade de virar pros imbecis e falar tudo que me veio na cabeça. Que burros são eles. Que menosprezar uma pessoa que não passou na Federal é ridículo. Que eu passei melhor no vestibular que todos eles e que nem por isso eu usei uma camisa ofensiva e discriminatória. Que biólogo não é médico frustrado. Que a ciência que está sendo desenvolvida, na bioquímica, microbiologia e genética que eles tanto odeiam (sem falar na zoologia, ecologia e botânica que eles ignoram) só vai ser compreendida por eles daqui há uns 30 anos. Que são biólogos, e farmacêuticos, e químicos, e físicos (RNM), e engenheiros, que deesenvolvem as tecnologias que eles vão usar - mal - no futuro. Que o Projeto Genoma prá cada pessoa vai ser uma realidade em pouco tempo, e que se eles não ralarem muito prá aprender genética, bioquímica, biotecnologia e bioinformática eles vão continuar sendo iguais aos imbecis da faculdade de medicina que vão dar aula prá eles daqui a pouco e nem vão falar das linhas de pesquisa do Brasil e do mundo nás áreas biomédicas de ponta.

Mas eu não falei nada. Só ensinei bioquímica como se fosse a coisa mais fácil do mundo (e, depois de estudar uma coisa 3 anos da sua vida, ela fica). Quando alguém falava que era difícil. eu ria e falava: - Estuda mais que fica fácil. Eu fiz isso e funcionou prá mim, que sou burro, por que não ia servir prá vocês?

Depois da aula eu fui no centro. Engarrafamento de uma hora e meia. Lá rolou mais um tanto bom de stress. Volto prá Federal (sem carteira de motorista, porque ela ficou retida aqui já que eu não tinha devolvido a chave da sala que eu tinha dado aula. Pelo menos consegui pegá-la agora). Agora estou com uns 20% do que eu tenho que fazer pronto. Mas acho que amanhã vai ser pior.

Vou ter que acordar cedo, dar uma aula meia boca pra mais uns alunos da medicina, passar meu almoço lendo um capítulo sobre cálculo integral (por que eu inventei de aprender essa matéria da porra?), fazer uns exercícios da matéria, assistr a aula, resolver os exercícios que eu já fiz (que didática fantástica, né?) voltar pro laboratório prá acabar o que eu estou fazendo hoje (deadline segunda) e depois, se rolar, eu vou pro buteco pra encher a cara e esquecer até meu nome. Como diria o Villa Lobos: "Êta vida..." (Com um suspiro no início e outro no fim). Aliás, eu gosto desse filme.

Acho que agora eu queria, sei lá, me encolher em posição fetal e balbuciar frases desconexas até que alguém que goste de mim me internasse em uma clínica psiquiátrrica prá eu tirar férias do mundo (Putz, que drama... Tô parecendo o Fred quando ele ficava deprimido).

Fui.




Oh dia! Oh azar!


Quer ouvir Hardy dizer essa frase clássica? Clica aqui.

Obs.: Lavou, tá novo! O problema é que eu não tomo banho desde hoje 7 da manhã. Semana que vem eu tô 100% (pensando bem, não me internem. Me batam até que eu melhore).

10/28/2003

Ultima piadinha divertida...

Essa vai pro Daniel...

O fim-de-semana foi bom demais...

De sábado pra domingo, fui n´A Obra. Cerveja com steinhaeger. Depois veio a hora fatídica de dirigir meio bêbado dando carona pra moçada. Depois veio a amnésia alcoólica.

Digressão: a última vez que eu tinha tido amnésia alcoólica foi em Milho Verde, e só fiz merda. Tipo que minha sala de graduação tinha o hábito de escolher frases de formatura pras pessoas. Eu ganhei umas 3 só nessa noite (além de vomitar na igrejinha, rolar na lama e querer pagar um amigo meu prá bater num cara):

- Suas mirtáceas malditas! (Putz, essa não tem a menor lógica mas no contexto foi doida...)

- Amanhã, quando eu estiver sóbrio, rola? (Depois de um fora...)

- A terceira eu não lembro, mas alguém da minha sala vai fatalmente lembrar e escrever aqui...

Fim da digressão

Um amigo meu (né, Gabriel?) que teve amnésia química conta um caso muito engraçado: Ele entra em casa pensando: "tenho que entrar no meu quarto, me trancar e só sair de lá amanhã". A próxima lembrança do camarada é dele, sentado na cama, com um prato de tropeiro (!?) rangando. Minha amnésia foi tipo assim.

Eu levei um amigo meu em casa e minha próxima lembrança foi acordar na garagem do meu prédio, dentro do carro, 6:30 da manhã... Aí começaram a vir os flashes de memória...

Eu lembro da Ma me ligando prá saber se eu estava bem, e eu falei que já estava chegando em casa. Lembro dela ligando de novo e eu falei que o caminho que eu costumava passar estava impedido e que eu ia demorar mais pra chegar. Só. Não lembro do intervalo entre as ligações, nem de antes ou depois. De vez em quando rolam umas lembranças isoladas, tipo uma árvore bonita ou um cachorro na rua. Pela lógica (que pode ser falha, vinda de um bêbado) e pelas lembranças (idem) eu passei por dentro do bairro Bandeirantes, o que dá uns 20 minutos até minha casa.

Parte politicamente correta do blog: foi feio e eu não vou fazer de novo : )




10/22/2003

Hoje, sem mais nada pra fazer, resolvi navegar por outros blogs. Saca só o que eu achei... Pelamordedeus...





10/21/2003


Domingo, chegando em casa de noite, eu desci do ônibus e pensei: "Há exatamente uma semana atras eu estava batendo papo com o velhinho do banco de bambu".

Lógico que eu pensei em como ia ser divertido encontrar com ele novamente. Eis que eu passo por uma carro com um malaco dentro (digressão mínima: prá mim, malaco não é necessariamente fodido financeiramente. Malaco são aquelas pessoas que você teria medo de encontrar sozinho na rua de madrugada, ou aquela cambada de chatos que fica te fritando e falando gírias incompreensíveis nos ônibus. Malaco is a way of life). No carro tava tocando aquela música do Sepultura com o Carlinhos Brown (acho que chama Ratamahatta).

Lógico que o tio do banco estava trocando idéia com o malaco, falando as gírias incompreensíveis. O mais doido foi ver o tio se despedindo do camarada com aqueles apertos de mao que envolvem uns 5 ou 6 movimentos diferentes, e terminam com um socando a mão do outro.

Dá próxima vez que eu encontrar com o tio, acho que vou perguntar se ele lembra de mim. Vou até perguntar prá Cris (que é uma amiga malaca minha) qual é o melhor jeito de sair ileso dessa históia.

Obs.: Cris, se você ler esse post, por favor, não mande o mineirão me dar porrada. Nem os caras da sua rua. Você precisa de mim prá ser seu consultor em assuntos de biomol...

10/17/2003

Putz... Tava fuçando e achei um webcounter de iraquianos mortos na guerra! Mórbido demais...


10/16/2003


Minha mãe está me aplicando música! De novo! E o mais doido é que eu gostei...

Inicialmente foi a bossa-nova. Eu tinha uns 14 anos, e minha mãe pôs prá tocar um bolachão do Vinícius. Nunca mais parei de ouvir.

Aí, semana passada, ela (que tava na Argentina) me liga falando que vai trazer um CD de um roqueiro egípcio. E me aplicou um tal de Amr Diab, pop-star sarraceno. O camarada já ganhou altos prêmios (o que, eu sei, não mede necessariamente a qualidade do sujeito).

Eu fiquei totalmente descrente quando eu vi o CD, ainda mais porque parece que o camarada é tipo o Paulo Ricardo do mundo árabe (prá piorar mais ainda, depois do RPM). Mas achei bem bacaninha. A letra das músicas (cantadas em árabe, traduzidas para o inglês no encarte) são totalmente barangas, mas eu não entendo nada mesmo e o vocal árabe é muito doido. Especialmente quando se está alterado quimicamente... Mas ainda prefiro o poetinha. Ele, eu ouço até sem nada.





10/14/2003


Chegando em casa domingo de noite, eu estava carregando meu violão. Na minha rua, tipo umas 10:30 da noite e um frio considerável, eu vejo uma coisa engraçada.

Sabe aqueles bancos feitos de bambu? Pois é, tinha um desses no meio da rua (no meio da rua é meio exagerado - tava há uns 2 metros do passeio) com um velhinho dormindo. Não parecia um mendigo: camisa prá dentro da calça, cinto e coisa e tal.

Eu fiquei meio preocupado, mas bastante receoso da situação. Paro a uns bons 4 metros de distância e pergunto:

Eu: - Ô meu senhor!

Eu (gritando mais): - Ô meu senhor!!

Ele (visivelmente bêbado): - Ai meu Deus! Que que é isso?

Eu: - Não é nada não... Só queria saber se você está passando bem

Ele: - Ááá... Bem a gante nunca tá, né? A gente tenta...

Eu: O senhor está precisando de alguma coisa?

O velho parece que se lembra que tem um cigarro de palha na mão; solta o cigarro como se estivesse queimando, depois percebe que ele estava apagado.

Ele: - Eu queria um fogo pro meu cigarro. Não é maconha não, viu menino...

Eu: - Tá aqui... (seguro o riso, tiro meu isqueiro e empresto prá ele; depois eu percebo que ele tem uns fósforos na outra mão).

Ele tenta acender o cigarro de palha, começa a queimar a mão e NÃO PERCEBE! O cigarro acende e ele continua com o fogo mais uns bons 30 segundos.

Ele: Eu até fumo maconha, mas hoje eu não quero... Você quer?

Eu: Hoje não, obrigado...

Ele: Eu te conheço, não? Você toca violão onde?

Eu: Em lugar nenhum.

Aí vem a merda (quem toca violão certamente já passou por isso): Ele pede prá tocar...

Grande digressão: Sabe aqueles hippies da Praça 7? Aqueles que, quando você passa com o violão, sempre gritam: "Toca Raul" ou "Manda o Led". Pois é. Eles sempre pedem prá tocar também. Falar que o violão tem as cordas invertidas só piora as coisas, porque o camarada fica curioso prá ver como é que funciona. Aí vem a sequência de tentativa e erro que todos fazem : Pega, olha as cordas, faz o acorde como se fosse um violão de destro umas 4 ou 5 vezes (até ver que soa mal), olha de novo, pergunta como é que faz, tenta mais umas vezes e desiste. Sempre. Só uma pessoa não fez isso até hoje (né, Ma)? Fim da grande digressão.

Bom, o tio pediu prá tocar. Eu falo que o violão é de canhoto. Ele insiste prá que eu toque, então. O tio pede um Led.

Eu (pedindo desculpas mentais para os deuses do Rock): - Só toco pagode. Tipo Só prá Contrariar, Exaltasamba...

Ele: E esse brinco na orelha? Pagodeiro usa?

Eu (espantado com a perspicácia de um tio bêbado): - Usa sim, meu senhor. Aliás, todo mundo da minha banda usa. É tipo uma marca registrada, sabe?

Aí eu percebi que tinha uns 10 minutos que eu tava lá com o tio. Resolvi ir embora.

Eu: Devolve meu isqueiro, por favor.

Ele me estende os fósforos.

Eu: Moço, eu te emprestei o isqueiro

Ele (fazendo uma cara visivelmente ofendia): Cê ta me chamando de ladrão?

Eu (sem paciência e pensando em nunca mais parar prá ajudar bêbados): Não. Só estou te pedimdo meu isqueiro.

Ele (rindo prá caralho): - Toma aí, menino... Não esquenta com a brincadeira do vô não...

Eu: - Bom, então tchau.

Ele: - Você não me enganou não, ô pagodeiro (com um cinismo carregado no pagodeiro)


Chego em casa e ligo prá Ma. Conto prá ela o caso e ela me pergunta se dá prá ver ele da janela. Óbvio que nem o tio nem o banco estavam lá... Weird...

10/09/2003

10/08/2003

Ontem eu tava no alto da Raja, com frio, puto porque meu último cigarro tinha quebrado (alguém já tentou fumar um cigarro quebrado? Frustrante...) e o ônibus não pasava. Eu gosto muito de esperar ônibus meio agachado, apoiando as costas em um poste.

Comecei a ler um livro do Veríssimo (o filho, não o pai) que a Ma me deu. O cara teve a manha de falar sobre o Borges. Quem quiser conhecer mais esse argentino fodaço pode ler um ensaio dele chamado de "A Biblioteca de Babel" ou, para começar, tem o clássico "O Aleph" (foi mal, só achei em inglês).

Bom, mas voltando a falar do Veríssimo, ele escreveu uma ficçãozinha ("inha" com certeza só pelo tamanho, nunca pela qualidade) do Borges, do Homero e do Joyce em um barco, em um mar de palavras. Fino do fino, ainda mais prá quem gosta da obra dos três. Quem quiser ler, clica aqui.

Aí veio o ônibus. Dei o sinal atrasado e ele parou lá na frente.

Eu levantei meio no susto e fui tentar correr até lá. Sabe o poste que eu estava encostado? Pois é, agora ele estava na minha frente, e veio muito rápido na direção do meu nariz. Sangrou muito, e o motorista não me esperou.

Uma bola de sangue descendo do meu nariz na minha camisa (que, obviamente, era branca) e eu tendo uma crise de riso no alto da Raja. Até acabou a luz.







10/07/2003

Bão, hoje eu começo o meu blog... Demorou mas saiu, viu Ma?

Sou biólogo formado na UFMG. Faço mestrado em bioquímica na federal. Tipo que eu não vou ficar falando muito de mim, porque imagino que quem vier no meu blog já me conheça.

Caso vc não saiba nada de mim e queira saber, clica aqui

Agora saca só que coisa bizarra aconteceu comigo um dia desses:




Caraca! Abelhas!


7 horas da noite. A aula acabou. Micro ônibus. Going home. A insustentável leveza do ser, do Milan Kundera. Situação perfeita pra ser um final de dia tedioso (exceto pelo ótimo livro. Aliás, leitura no ônibus é um velho vício meu).

De repente, eu levanto a cabeça e olho pra todas as pessoas. Uma crente com a perna meio cabeluda rezando baixinho (alguém já viu esses crentes rezadores de ônibus? É bizarro...), dois adolescentes se pegando, e uma tia com uma cara meio indefinida com um tanto de sacolas de compras. Mais um tanto de gente comum.

Esqueço das pessoas e volto pro livro. A Tereza tá abandonando o Tomas e levando a Karerin. Uma gritaria danada dentro do ônibus. Eu levanto a cabeça esperando tipo um assalto. Aí vem uma cena realmente nonsense: umas 200 abelhas voando dentro do micro ônibus!

Pequena digressão: eu acho que quase toda profissão tem seu dia do tipo: "não se preocupe com isso, eu sou médico", ou "eu arrumo o seu motor". Biólogo não. Serve só pra dar aula pro vizinho (A liga em T, C em G) e prá identificar a plantinha divertida do outro lado da rua. Outro dia eu conto os casos que me levam a pensar isso. Mas, nesse dia, eu tive minha chance. "Calma, eu sou um biólogo" é divertido.

Viro pro cara do meu lado e pergunto: -Caraca! Que merda é essa?
Ele: - Abelha, porra!
Eu (totalmente sem paciência com a burrice do camarada): - Eu sei que é abelha! Como é que elas apareceram aqui?
Ele: - Sei lá! Saíram da sacola daquela mulher alí!

Era a tia das compras. Aí o motorista, com toda a perspicácia de alguém em pânico, para o ônibus no meio da Antônio Carlos. Foi engraçado ver todo mundo apavorado naquela situação inusitada, e depois disso eu passei realmente acreditar em histeria coletiva. Uns 3 caras tiram a camisa e começam a tentar matar as abelhas. Muita gente gritando (inclusive os caras que tiraram a camisa, que começaram a ser picados).

Aula de zoologia. Lembrar é viver.
Eu grito bem alto: - Quem já foi picado?
A tia das sacolas responde, chorando um bocado: - Eu já fui picada umas 20 vezes!
Eu: - Então você vai ter que sair do ônibus!
Ela: - Por que?
Eu (pensando em como explicar pra uma leiga em pânico a atração de insetos por feromonios em 5 segundos): - As abelhas que picaram a senhora soltam um cheiro que chama as outras abelhas. Elas não vão parar de jeito nenhum...

Aí ela começou a gritar muito, poruq tinha abelhas entrando na roupa dela. Depois a tia saiu correndo, batendo a mão no cabelo desgrenhado e meio que tirando a blusa entre os carros da Antônio Carlos. Uns caras de outros ônibus até assoviaram. Umas 30 abelhas foram atrás.

Mais uma idéia brilhante do motorista em pânico: apagar as luzes prá ver se elas saíam. Alguém já viu como ficam os pernilongos ou as mariposas quando vc apaga a luz?
Uma porrada de abelhas trombando em você no escuro é incômodo. Tomar camisadas de passageiros desesperados, que tem teorias do tipo "quanto mais forte, melhor" incomodava bem mais. É quase um abelhão trombando em você.

Eu falo com o motorista: Acende a luz!
Ele: Por que?
Eu (pensando que merda de gente que pergunta tudo, porra): Elas ficam desorientadas sem a luz! Aí elas ficam trombando na gente!

Antes de continuar minha aula em condições adversas, o trocador foi lá e acendeu. As abelhinhas voltaram voar em círculos e o pessoal continuou com as camisadas. Mais alguma picadas (inclusive em mim) e tudo fica bem. Não reparei, mas aposto que a crente rezou como nunca. No final ela me agradeceu, falando "Jesus" e "deus salvador" pelo menos umas 20 vezes.

Depois de tudo resolvido, a galera começou: - Como você sabia disso tudo? Vc é médico? Veterinário? Um camarada me perguntou até se eu era aquele físico famoso. Aquele, sabe? Não? Nem eu. Realmente não sei por que o cara pensou que um físico teria a ver com abelhas. Nem o Lattes, que até já virou samba do Cartola... Ninguém perguntou se eu era biólogo. E eu não falei.

Claro que a tia esqueceu a sacola prá trás. Claro que a gente foi fuçar nela. Claro que não tinha absolutamente nada dentro que justificasse 200 abelhas dentro (tipo uma colméia ou um pote de karo).

Foi muito massa. Acho que se eu chamasse aquelas pessoas prá virarem meus súditos e me louvarem dali prá frente, até rolava. Pelo menos até aparecerem as cigarras no nosso reino. De cigarra eu tenho medo de verdade.


cigarinha simpática...







Quer saber mais sobre abelhas? Aí vai uma aula de zoologia básica.