Bão, hoje eu começo o meu blog... Demorou mas saiu, viu Ma?
Sou biólogo formado na UFMG. Faço mestrado em bioquímica na federal. Tipo que eu não vou ficar falando muito de mim, porque imagino que quem vier no meu blog já me conheça.
Caso vc não saiba nada de mim e queira saber,
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Agora saca só que coisa bizarra aconteceu comigo um dia desses:
Caraca! Abelhas!
7 horas da noite. A aula acabou. Micro ônibus. Going home. A insustentável leveza do ser, do Milan Kundera. Situação perfeita pra ser um final de dia tedioso (exceto pelo ótimo livro. Aliás, leitura no ônibus é um velho vício meu).
De repente, eu levanto a cabeça e olho pra todas as pessoas. Uma crente com a perna meio cabeluda rezando baixinho (alguém já viu esses crentes rezadores de ônibus? É bizarro...), dois adolescentes se pegando, e uma tia com uma cara meio indefinida com um tanto de sacolas de compras. Mais um tanto de gente comum.
Esqueço das pessoas e volto pro livro. A Tereza tá abandonando o Tomas e levando a Karerin. Uma gritaria danada dentro do ônibus. Eu levanto a cabeça esperando tipo um assalto. Aí vem uma cena realmente nonsense: umas 200 abelhas voando dentro do micro ônibus!
Pequena digressão: eu acho que quase toda profissão tem seu dia do tipo: "não se preocupe com isso, eu sou médico", ou "eu arrumo o seu motor". Biólogo não. Serve só pra dar aula pro vizinho (A liga em T, C em G) e prá identificar a plantinha divertida do outro lado da rua. Outro dia eu conto os casos que me levam a pensar isso. Mas, nesse dia, eu tive minha chance. "Calma, eu sou um biólogo" é divertido.
Viro pro cara do meu lado e pergunto: -Caraca! Que merda é essa?
Ele: - Abelha, porra!
Eu (totalmente sem paciência com a burrice do camarada): - Eu sei que é abelha! Como é que elas apareceram aqui?
Ele: - Sei lá! Saíram da sacola daquela mulher alí!
Era a tia das compras. Aí o motorista, com toda a perspicácia de alguém em pânico, para o ônibus no meio da Antônio Carlos. Foi engraçado ver todo mundo apavorado naquela situação inusitada, e depois disso eu passei realmente acreditar em histeria coletiva. Uns 3 caras tiram a camisa e começam a tentar matar as abelhas. Muita gente gritando (inclusive os caras que tiraram a camisa, que começaram a ser picados).
Aula de zoologia. Lembrar é viver.
Eu grito bem alto: - Quem já foi picado?
A tia das sacolas responde, chorando um bocado: - Eu já fui picada umas 20 vezes!
Eu: - Então você vai ter que sair do ônibus!
Ela: - Por que?
Eu (pensando em como explicar pra uma leiga em pânico a atração de insetos por feromonios em 5 segundos): - As abelhas que picaram a senhora soltam um cheiro que chama as outras abelhas. Elas não vão parar de jeito nenhum...
Aí ela começou a gritar muito, poruq tinha abelhas entrando na roupa dela. Depois a tia saiu correndo, batendo a mão no cabelo desgrenhado e meio que tirando a blusa entre os carros da Antônio Carlos. Uns caras de outros ônibus até assoviaram. Umas 30 abelhas foram atrás.
Mais uma idéia brilhante do motorista em pânico: apagar as luzes prá ver se elas saíam. Alguém já viu como ficam os pernilongos ou as mariposas quando vc apaga a luz?
Uma porrada de abelhas trombando em você no escuro é incômodo. Tomar camisadas de passageiros desesperados, que tem teorias do tipo "quanto mais forte, melhor" incomodava bem mais. É quase um abelhão trombando em você.
Eu falo com o motorista: Acende a luz!
Ele: Por que?
Eu (pensando que merda de gente que pergunta tudo, porra): Elas ficam desorientadas sem a luz! Aí elas ficam trombando na gente!
Antes de continuar minha aula em condições adversas, o trocador foi lá e acendeu. As abelhinhas voltaram voar em círculos e o pessoal continuou com as camisadas. Mais alguma picadas (inclusive em mim) e tudo fica bem. Não reparei, mas aposto que a crente rezou como nunca. No final ela me agradeceu, falando "Jesus" e "deus salvador" pelo menos umas 20 vezes.
Depois de tudo resolvido, a galera começou: - Como você sabia disso tudo? Vc é médico? Veterinário? Um camarada me perguntou até se eu era aquele físico famoso. Aquele, sabe? Não? Nem eu. Realmente não sei por que o cara pensou que um físico teria a ver com abelhas. Nem o
Lattes, que até já virou
samba do Cartola... Ninguém perguntou se eu era biólogo. E eu não falei.
Claro que a tia esqueceu a sacola prá trás. Claro que a gente foi fuçar nela. Claro que não tinha absolutamente nada dentro que justificasse 200 abelhas dentro (tipo uma colméia ou um pote de
karo).
Foi muito massa. Acho que se eu chamasse aquelas pessoas prá virarem meus súditos e me louvarem dali prá frente, até rolava. Pelo menos até aparecerem as cigarras no nosso reino. De cigarra eu tenho medo de verdade.
cigarinha simpática...
Quer saber mais sobre abelhas? Aí vai uma aula de
zoologia básica.